Há cerca de duas décadas, o rádio no Brasil encontra na segmentação a melhor forma para atrair e definir o seu público. As emissoras partiram para uma tendência que acabou se cristalizando ao longo do tempo.

O ouvinte passou a definir sua preferência por uma rádio que tocasse o seu gênero musical favorito. Atrelado a isto veio o anunciante, que identificou na segmentação de público a segmentação de mercado.

Na disputa pela maior audiência, surgiu quase que por conseqüência, alguns diferenciais de programação e que quando davam certo, viravam tendências.

Recordo de alguns modelos de programação que lideraram as preferências durante a década de 90, como por exemplo, o axé e o pagode. Houve também alguns gêneros que ultrapassaram o limite do tempo e que se estabeleceram como verdadeiros clássicos, como foi o caso da música sertaneja e regional.

Assim sendo, toda emissora ao estabelecer o estilo popular na sua grade, certamente executará música sertaneja ou regional durante a programação.

Em meio a esta torrente de tendências, o radio desenvolveu a incrível capacidade de se reescrever. A notícia era a mola propulsora da audiência nos idos de 1930 a 1950, principalmente durante o período da segunda guerra mundial.

Conteúdos de radio jornalismo inesquecíveis como o Repórter Esso, Grande Jornal Falado Tupi, Titulares da Notícia e muitos outros, pavimentaram a estrada da notícia dentro da programação do rádio.

Com o advento do FM no final da década de 70, a notícia parece ter perdido o seu lugar de destaque dentro da programação, visto que as emissoras se propunham a veicular mais música e menos conteúdo falado.

A notícia esteve tão escassa no rádio entre décadas de 60 a 80, que até o regime dos militares interveio nos conteúdos das FMs, exigindo através de decreto que as emissoras veiculassem informação de hora em hora.

Como as coisas são cíclicas no rádio, a notícia volta a ganhar fôlego dentro da programação. Atribuo ao interesse das rádios em inserirem conteúdo informativo nas transmissões, a forte tendência do diferencial de conteúdo.

Com a evolução dos meios de comunicação através da digitalização e da Internet, a informação ganhou o aspecto de imediatismo. As pessoas passaram a ter necessidade de mais informação para conviverem com as novas tecnologias.

Outro aspecto importante em todo este contexto foi à própria evolução social, o crescimento populacional dos grandes centros e a expansão das necessidades da sociedade como um todo.

Atribuo a estes fatores a grade ênfase que a notícia ganhou no cotidiano das pessoas.

O rádio compõe com extrema eficiência e interatividade estas necessidades, visto ser o único veículo da mídia a possuir unisensorialidade, que é a capacidade de falar às pessoas sem que elas necessitem interromper suas atividades.

Cyro César – Fevereiro 2020

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maio 19, 2020

A Grande Virada da Notícia no Rádio

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